In Fórmula 1, Fórmula1

Quando se fala em pilotos brasileiros de Fórmula 1, Ayrton Senna e Nelson Piquet são frequentemente os primeiros nomes que vêm à mente. No entanto, antes desses gigantes do automobilismo, houve um homem que não apenas abriu caminho para o sucesso deles, mas também se tornou um pioneiro do automobilismo brasileiro e uma inspiração para as gerações futuras: Emerson Fittipaldi.

Bicampeão do mundo de Fórmula 1, a vida e a carreira de Fittipaldi abrangeram uma fascinante viagem pelo mundo do desporto automóvel. Neste artigo abrangente, vamos explorar a vida e o legado de Emerson Fittipaldi, aprofundando os seus primeiros dias, as suas corridas mais espectaculares e os factos intrigantes que fazem dele uma verdadeira lenda das corridas.

Emerson Fittipaldi, a lenda brasileira do automobilismo, RTR Sports

Primeiros dias

Nascido a 12 de Dezembro de 1946, em São Paulo, Brasil, Emerson Fittipaldi provém de uma família com uma rica história no desporto automóvel. O seu pai, Wilson Fittipaldi Sr., era um famoso jornalista e comentador de desportos motorizados, enquanto a sua mãe, Józefa “Juzy” Wojciechowska, era uma refugiada polaca que fugiu da Segunda Guerra Mundial. Emerson cresceu ao lado do seu irmão mais velho, Wilson Fittipaldi Jr., que também se tornou piloto de corridas.

A paixão de Emerson pelas corridas começou numa idade muito jovem. Começou a competir em corridas de motas aos 14 anos e passou para o karting aos 16 anos. Depois de ter tido sucesso nos campeonatos brasileiros de karting, Fittipaldi passou para as corridas de monolugares, competindo no Campeonato Brasileiro de Fórmula Ford no final da década de 1960.

Ascensão à Fórmula 1

Emerson Fittipaldi, a lenda brasileira do automobilismo, RTR Sports

Em 1969, o jovem Emerson deu o salto para a Europa, juntando-se à Jim Russell Racing School para aperfeiçoar as suas capacidades. Rapidamente atraiu a atenção do fundador da Lotus, Colin Chapman, que lhe ofereceu um lugar na Fórmula 3. Fittipaldi obteve nove vitórias ao volante do Lotus 59 dirigido por Jim Russell e conquistou o Campeonato da Lombardia MCD de 1969. O seu inegável talento levou-o a passar rapidamente para a Fórmula 1, estreando-se na Lotus em 1970. A sua primeira corrida foi o GP da Grã-Bretanha, a 18 de Julho, em Brands Hatch, a sétima de treze corridas da temporada de Grandes Prémios desse ano.

Apenas na sua quarta corrida, o Grande Prémio dos Estados Unidos de 1970 em Watkins Glen, Fittipaldi conquistou a sua primeira vitória. Com 23 anos e 297 dias de idade, tornou-se o mais jovem vencedor de corridas de Fórmula 1 na altura – um recorde que se manteria durante mais de três décadas até Fernando Alonso o quebrar em 2003.

Emerson Fittipaldi, a lenda brasileira do automobilismo, RTR Sports

Primeiro Campeonato do Mundo

A época de 1972 marcou um ponto de viragem para “Emmo”. Com o apoio da lendária equipa Lotus, embarcou numa época que o levaria a conquistar o seu primeiro Campeonato do Mundo de Fórmula 1, tornando-se o mais jovem Campeão do Mundo da história, com apenas 25 anos e três meses de idade – um recorde que manteve até 2005, quando Alonso o ultrapassou.

A época de 1972 de Fittipaldi foi espectacular. Das 12 corridas, ganhou cinco, incluindo as vitórias nos Grandes Prémios de Espanha, Bélgica, Inglaterra, Áustria e Itália. A sua consistência e determinação levaram a uma vitória dominante no campeonato, selando também o Campeonato de Construtores para a Lotus. Ele era o novo rei da Fórmula 1, Colin Chapman tinha encontrado uma nova estrela.

Segundo Campeonato do Mundo

Após uma época difícil em 1973, Emmo fez a surpreendente mudança para a McLaren na época de 1974. A decisão revelou-se acertada, uma vez que assegurou o seu segundo campeonato nesse ano, vencendo corridas no Brasil, Bélgica, Canadá e Estados Unidos.

O sucesso de Fittipaldi em 1974 consolidou ainda mais o seu estatuto de ícone das corridas. Foi o primeiro brasileiro a vencer vários Campeonatos do Mundo e os seus triunfos serviram de inspiração para futuros pilotos brasileiros, incluindo Ayrton Senna e Nelson Piquet.

Emerson Fittipaldi, a lenda brasileira do automobilismo, RTR Sports

Copersucar-Fittipaldi e o fim da carreira na F1

Em 1976, Emerson e o seu irmão Wilson Fittipaldi Jr., o seu pai, foram os primeiros a chegar ao Brasil. fundou a equipa Fittipaldi Automotive, apoiada pela cooperativa brasileira de açúcar e álcool Copersucar. Emerson tomou a decisão ousada de deixar a McLaren e correr pela sua própria equipa, a partir de 1976.

Infelizmente, a equipa Copersucar-Fittipaldi teve dificuldades em encontrar competitividade. Apesar de alguns lugares no pódio, a equipa nunca conseguiu uma vitória na corrida. A dedicação de Emerson à equipa e o desejo de elevar o automobilismo brasileiro eram louváveis, mas em 1980, após uma parceria com a Skol, Fittipaldi decidiu retirar-se da Fórmula 1, sendo a sua última corrida o Grande Prémio dos Estados Unidos de 1980.

Anos na Fórmula 1

Abaixo está uma lista dos anos de corrida de Emmo na Fórmula 1, juntamente com a posição em que terminou no campeonato e os Grandes Prémios que ganhou em cada ano:

1970 – Team Lotus – 10º (GP dos Estados Unidos)

1971 – Team Lotus – 6º (sem vitórias)

1972 – Team Lotus – 1º (vencedor dos GP de Espanha, Bélgica, Inglaterra, Áustria e Itália)

1973 – Team Lotus – 2º (vencedor dos GPs da Argentina e da Grã-Bretanha)

1974 – McLaren – 1º (vencedor dos GPs do Brasil, Bélgica e Canadá)

1975 – McLaren – 2º (vencedor dos GPs da Argentina e da Inglaterra)

1976 – McLaren – 6º (Sem vitórias)

1977 – Copersucar -12º (Sem vitórias)

1978 – Copersucar- 17º (sem vitórias)

1979 – Copersucar -14º (Sem vitórias)

1980 – Equipa Skol-Fittipaldi – 24º (sem vitórias)

Carreira na IndyCar

Após a sua reforma da Fórmula 1, que durou quatro anos, Emerson concentrou-se nas corridas de IndyCar nos Estados Unidos.
Estreou-se em 1984 e rapidamente alcançou o sucesso, vencendo as 500 milhas de Indianápolis de 1989, tornando-se o primeiro piloto estrangeiro a vencer a prestigiada corrida desde 1966. Em 1989, Fittipaldi também ganhou o campeonato CART. A sua segunda vitória na corrida de Indianápolis data de 1993.

Emerson Fittipaldi retirou-se das corridas profissionais em 1996, após um grande acidente no Michigan International Speedway. Actualmente, continua a ser uma figura influente no desporto automóvel, trabalhando como consultor, proprietário de equipa e mentor de jovens pilotos.

Emerson Fittipaldi, a lenda brasileira do automobilismo, RTR Sports

As corridas e os feitos mais espectaculares

A carreira de Emerson Fittipaldi está repleta de momentos e feitos memoráveis. Eis alguns destaques:

Grande Prémio dos Estados Unidosde 1970: a primeira vitória de Fittipaldi na Fórmula 1 ocorreu apenas na sua quarta corrida, o que fez dele o mais jovem vencedor de corridas na altura.

Grande Prémio de Espanha de 1972: Esta corrida marcou o início da época dominante de 1972 de Emerson, onde conquistou o seu primeiro título de Campeão do Mundo.

Grande Prémio do Brasil de 1974 : Uma vitória em casa perante um público brasileiro apaixonado foi, sem dúvida, um dos pontos altos da carreira de Fittipaldi.
Segunda vez campeão do mundo de Fórmula 1

1989 Indianapolis 500: A primeira vitória de Fittipaldi na lendária corrida, tornando-o o primeiro piloto estrangeiro a vencer a Indy 500 desde 1966.

500 Milhas de Indianápolis de 1993: Segunda vitória de Fittipaldi na Indy 500, solidificando o seu legado como um dos grandes nomes de sempre do desporto automóvel.

Curiosidades e factos

A alcunha de Fittipaldi,“Emmo“, foi-lhe dada por jornalistas britânicos, que tinham dificuldade em pronunciar o seu primeiro nome.

Emerson Fittipaldi foi ator convidado na novela brasileira“A Viagem” em 1994, onde interpretou a si mesmo.

Em meados dos anos 90, Emmo participou na concepção de um carro desportivo chamado “Fittipaldi F1”. Embora tenha suscitado um interesse considerável, o projecto acabou por não chegar a ser produzido devido a dificuldades financeiras.

Fittipaldi é membro do prestigiado International Motorsports Hall of Fame, tendo sido introduzido em 2001. Este reconhecimento reforça ainda mais o seu estatuto de ícone das corridas.

Em 2012, foi nomeado embaixador do Instituto FIA para a Segurança e Sustentabilidade do Desporto Automóvel, utilizando a sua experiência e conhecimentos para melhorar as práticas de segurança e ambientais no desporto automóvel.

Ao longo da sua carreira de piloto, Fittipaldi era conhecido por usar um capacete laranja e azul característico, tornando-o facilmente reconhecível na pista.

Citações sobre Fittipaldi

O impacto de Fittipaldi no mundo das corridas foi imenso e o seu legado foi celebrado por outros pilotos, proprietários de equipas e personalidades do desporto automóvel. Eis algumas citações sobre Emerson Fittipaldi:

“O Emerson foi um piloto fantástico. Ele era muito suave e muito preciso. Eu admirava o seu estilo.” – Sir Jackie Stewart, três vezes Campeão do Mundo de Fórmula 1.

“Fittipaldi era um piloto extraordinário. Tinha um enorme talento e era muito dedicado. Os seus feitos na Fórmula 1 e na IndyCar são um testemunho da sua capacidade e determinação.” – Ron Dennis, antigo director da equipa McLaren.

“Emerson foi um pioneiro para os pilotos brasileiros na Fórmula 1. Seu sucesso abriu caminho para as gerações futuras, inclusive para mim.” – Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1.

“As contribuições de Fittipaldi para o desporto automóvel, tanto como piloto como proprietário de equipa, são inestimáveis. Ele será sempre lembrado como uma lenda no mundo das corridas.” – Mario Andretti, antigo campeão de Fórmula 1 e de Fórmula Indy.

Vida pessoal

Emerson Fittipaldi foi casado três vezes. O seu primeiro casamento foi com Maria-Helena Fittipaldi, com quem teve três filhos: Juliana, Jayson e Tatiana. O casal divorciou-se na década de 1980.

O segundo casamento de Fittipaldi foi com Teresa Fittipaldi, com quem teve uma filha, Joana. Este casamento também terminou em divórcio.

Em 2002, Emerson casou-se com a sua terceira mulher, Rossana Fittipaldi, e têm dois filhos juntos: Emerson Jr. e Vittoria. Fittipaldi tem um total de sete filhos dos seus três casamentos, e a sua grande família é uma parte importante da sua vida.

Filantropia e interesses

Ao longo da sua vida, Fittipaldi tem estado envolvido em numerosos projectos de caridade. Tem apoiado activamente hospitais, fundações infantis e iniciativas educativas no Brasil. O seu trabalho filantrópico também se estende ao apoio a iniciativas de desportos motorizados para crianças desfavorecidas, dando-lhes a oportunidade de perseguir os seus sonhos de corrida.

Emerson Fittipaldi tem uma paixão pela aviação e possui uma licença de piloto privado. É também um ávido coleccionador de automóveis e motociclos antigos, o que demonstra o seu profundo amor por tudo o que é automóvel. Em 1997, escapou por milagre a um acidente de avião quando o ultraleve que pilotava se despenhou num pântano.

Legado e impacto

O legado de Emerson Fittipaldi como estrela da Fórmula 1 é inegável. Os seus feitos inovadores no mundo do desporto automóvel não só inspiraram futuros pilotos brasileiros, como também desempenharam um papel crucial na expansão da popularidade do desporto na América do Sul.

A vida pessoal e os esforços filantrópicos de Fittipaldi demonstram o seu empenho em retribuir à sua comunidade e em promover a próxima geração de talentos das corridas. O seu impacto no desporto, tanto dentro como fora da pista, faz da lenda Emerson Fittipaldi uma figura verdadeiramente inesquecível nos anais da história do desporto automóvel.

Em 2007, Fittipaldi foi o piloto oficial de arranque das 24 Horas de Le Mans, uma das mais prestigiadas corridas de resistência do mundo. Esta homenagem demonstrou a sua influência e respeito contínuos na comunidade dos desportos motorizados, anos após a sua retirada das corridas profissionais.

Em conclusão, o percurso de Emerson Fittipaldi, de jovem campeão de karting a bicampeão mundial de Fórmula 1 e lenda da IndyCar, é uma prova da sua paixão, dedicação e imenso talento. A sua carreira pioneira deixou uma marca indelével no mundo dos desportos motorizados.

 


Pictures from the top

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"Emerson Fittipaldi's Penske at Laguna Seca" by StuSeeger is licensed under CC BY 2.0.

 

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Riccardo Tafà
Riccardo Tafà
Riccardo nasceu em Giulianova, licenciou-se em Direito na Universidade de Bolonha e decidiu fazer outra coisa. Depois de uma passagem pelo ISFORP (instituto de formação em relações públicas) em Milão, mudou-se para Inglaterra. Começou a sua carreira em Londres na área das relações públicas, primeiro na MSP Communication e depois na Counsel Limited. Depois, seguindo a sua paixão doentia pelo desporto, mudou-se para a SDC de Jean Paul Libert e começou a trabalhar em veículos de duas e quatro rodas, isto em 1991/1992. Seguiu-se uma breve mudança para o Mónaco, onde trabalhou com o proprietário da Pro COM, uma agência de marketing desportivo fundada por Nelson Piquet. Regressou a Itália e começou a trabalhar na primeira pessoa como RTR, primeiro uma empresa de consultoria e depois uma empresa de marketing desportivo. 
Em 2001, a RTR ganhou o prémio ESCA para o melhor projeto de marketing desportivo em Itália no ano 2000. Entre outras coisas, a RTR obteve a pontuação mais elevada entre todas as categorias e representou a Itália no concurso europeu da ESCA. A partir desse momento, o RTR deixou de participar noutros prémios nacionais ou internacionais. Ao longo dos anos, tem alguma satisfação e engole muitos sapos. Mas continua aqui, a escrever de forma desencantada e simples, com o objetivo de dar conselhos práticos (não solicitados) e motivos de reflexão.
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