Nos desportos motorizados, a paixão encontra-se com a tecnologia e o negócio global. Fórmula 1, MotoGP, Fórmula E e WEC oferecem às empresas plataformas únicas para serem notadas, inovarem e construírem relações estratégicas. Mas no final da época, a questão mantém-se: como é que medes realmente o sucesso do patrocínio?
Visibilidade: o primeiro passo, não a meta
A exposição mediática é imediata e impressionante: um logótipo num carro de Fórmula 1 pode chegar a centenas de milhões de espectadores em todo o mundo. No entanto, a mera repetição visual não garante que o público desenvolva uma perceção positiva da marca ou que surjam oportunidades de negócio concretas.
O desafio consiste em transformar essa visibilidade em valor tangível. As marcas mais eficazes não se limitam a aparecer, constroem narrativas e activações coerentes que fazem do patrocínio um verdadeiro ativo estratégico.
A parceria certa: público, valores e ativação
O primeiro passo para um retorno real é escolher a propriedade desportiva certa. Uma equipa vencedora não é suficiente: precisas de um alinhamento entre o público e os valores da marca. Alguns exemplos:
- Público-alvo: o público da liga ou da equipa deve coincidir com o da marca, tanto em termos demográficos como de interesses.
- Alinhamento de valores: sustentabilidade, inovação, património desportivo devem refletir a identidade da empresa.
- Ativação: experiências no local, conteúdos digitais, eventos exclusivos transformam um patrocínio num ativo de marketing vivo.
Sem este alinhamento, mesmo os investimentos mais elevados correm o risco de serem reduzidos a um “autocolante caro” na pintura de um automóvel.
Ativação para além da pista
As marcas mais bem sucedidas em 2025 mostraram que o desporto automóvel é muito mais do que um palco televisivo. Algumas exploraram a crescente popularidade da Fórmula 1 nos EUA, ligada a plataformas como a Netflix e a eventos icónicos como Miami e Las Vegas, para se expandirem para novos mercados. Outros apostaram na inovação, associando os seus nomes a projectos ecológicos, biocombustíveis ou inteligência artificial aplicada ao desempenho.
Além disso, as áreas de hospitalidade nos paddocks revelaram-se espaços estratégicos para os negócios B2B: acordos comerciais, parcerias e contactos com decisores valem muitas vezes mais do que as impressões geradas pelas transmissões televisivas em direto.
Neste contexto, o verdadeiro ROI de um patrocínio é medido pela capacidade de criar ligações concretas e oportunidades reais.
Perspetiva e influência
O conceito de sucesso varia de empresa para empresa. Para algumas significa aumentar a quota de mercado, para outras significa melhorar a reputação ou o prestígio, para outras ainda significa ganhar acesso a partes interessadas anteriormente inatingíveis.
O desporto automóvel combina desempenho e influência: a velocidade capta a atenção, mas são as relações e a credibilidade que transformam o patrocínio numa vantagem competitiva duradoura.
Como medir o retorno real
A questão fundamental não é “o patrocínio funcionou?”, mas“como é que gerou valor?”. Uma análise completa deve combinar:
- Métricas de visibilidade: TV, streaming, redes sociais;
- Estudos de brand lift: perceção e reputação da marca;
- Geração de leads e vendas ligadas a iniciativas activas;
- Valor das relações B2B construídas através do trabalho em rede e da hospitalidade;
- Impacto estratégico a longo prazo no posicionamento e na penetração no mercado.
Só com esta perspetiva integrada é possível compreender o verdadeiro retorno do investimento.
Sucesso para além da bandeira axadrezada
O desporto motorizado oferece um ecossistema único onde a emoção, a tecnologia e o negócio se entrelaçam. O verdadeiro ROI de um patrocínio não se mede apenas em segundos de televisão ou publicações nas redes sociais, mas na capacidade de uma marca para:
- Cria experiências memoráveis;
- Construir relações estratégicas;
- Participa em conversas globais;
- Reforça a reputação e a influência.
É aí, para além da pista e da bandeira axadrezada, que se decide o verdadeiro valor de um patrocínio no desporto automóvel.