La Fórmula 1 embarcou numa viagem significativa em direção à inclusão e diversidade através de iniciativas como“We Race As One“, a Comissão Hamilton e a Academia de F1. Estes programas têm como objetivo criar um ambiente mais equitativo no desporto automóvel, abordando as desigualdades e promovendo a participação de grupos historicamente sub-representados.
Corremos como um só: um movimento para a mudança
Lançada em 2020, a iniciativa“We Race As One” foi a resposta da Fórmula 1 aos desafios globais, incluindo a pandemia de COVID-19 e as crescentes exigências de justiça social. Este programa procurou abordar questões de racismo e desigualdade no desporto e na sociedade em geral. Através de campanhas de sensibilização, da utilização de mensagens anti-racistas durante os eventos e do compromisso de melhorar a diversidade no paddock, “We Race As One” lançou as bases para uma mudança cultural significativa.
A Comissão Hamilton: Investigação e Recomendações
Em 2020, o sete vezes campeão mundial Lewis Hamilton criou a Comissão Hamilton em colaboração com a Academia Real de Engenharia. O objetivo era compreender as barreiras que impedem as pessoas de cor de aceder e progredir em carreiras no desporto automóvel e em disciplinas STEM relacionadas. Em 2021, a Comissão publicou um relatório com dez recomendações fundamentais para melhorar a diversidade, incluindo a criação de programas de aprendizagem e bolsas de estudo para estudantes de meios desfavorecidos.
F1 Academy: Promover o talento feminino
A F1 Academy, lançada em 2023, é uma iniciativa dedicada a desenvolver e apoiar o talento feminino no desporto automóvel. Liderada por Susie Wolff, uma antiga piloto de corridas e executiva desportiva, a academia oferece a jovens mulheres oportunidades de desenvolvimento dentro e fora da pista, com o objetivo de aumentar a representação feminina nos escalões superiores do desporto automóvel.
Desde 1950, apenas cinco mulheres competiram na Fórmula 1. Iniciativas como a F1 Academy têm como objetivo alterar esta estatística, criando um caminho mais claro para as futuras pilotos do sexo feminino.
A F1 Academy já registou sucessos notáveis, com parceiros de prestígio a entrarem nos carros para melhorar a série e aumentar a sua visibilidade. A vitória da britânica Abbi Pulling no campeonato de 2024 dar-lhe-á a oportunidade de competir na F3 britânica com um programa totalmente financiado pela Academia, uma prova clara da sua importância na promoção do talento feminino.
Oportunidades e benefícios do patrocínio
O patrocínio de iniciativas como “We Race As One”, “The Hamilton Commission” e “F1 Academy” oferece às marcas a oportunidade de se alinharem com os valores da inclusão e da diversidade, melhorando a reputação da empresa e reforçando a identidade da marca. Estas parcerias podem resultar numa maior visibilidade e num envolvimento mais profundo com um público diversificado e socialmente consciente. Além disso, o investimento nestes programas ajuda a construir uma comunidade global que abraça a inovação e a mudança positiva, assegurando um legado inclusivo e sustentável para o futuro do desporto automóvel.
Resultados e impactos das iniciativas
As iniciativas empreendidas produziram resultados tangíveis:
- Carta para a Diversidade e Inclusão: Em novembro de 2024, a Fórmula 1, juntamente com a FIA e dez equipas, assinou uma carta formal para a diversidade e inclusão. Este documento, desenvolvido com o apoio da Royal Academy of Engineering e da Mission 44, a instituição de caridade de Lewis Hamilton, estabelece um quadro claro para promover o acesso e o desempenho no desporto automóvel, comprometendo-se com acções concretas para melhorar a diversidade no desporto.
- Aumento da representação feminina: A Academia de F1 ajudou a aumentar a visibilidade e a participação das mulheres no desporto automóvel. A vitória de Abbi Pulling no campeonato de 2024 é um exemplo do sucesso da academia na formação de talentos femininos prontos para competir ao mais alto nível.
- Apoio de marcas globais: Iniciativas como a F1 Academy atraíram o patrocínio de marcas proeminentes, incluindo o apoio da magnata da beleza Charlotte Tilbury. Este apoio não só fornece recursos financeiros, como também ajuda a aumentar a visibilidade das mulheres nos desportos motorizados, desafiando os estereótipos de género e promovendo uma maior inclusão.
Curiosidades e anedotas significativas
- Regresso da Fórmula 1 a África: Em 2024, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, anunciou a candidatura do país a acolher uma corrida de Fórmula 1, marcando um potencial regresso do campeonato a África pela primeira vez desde 1993. Este desenvolvimento reflecte o compromisso da F1 em expandir o seu alcance global e promover a diversidade geográfica no calendário de corridas.
- Comunidades de fãs em crescimento: As iniciativas de inclusão contribuíram para a expansão da base de fãs da Fórmula 1, com um aumento significativo da diversidade entre os fãs. Por exemplo, a presença de fãs negros e do sexo feminino tem aumentado, criando comunidades mais inclusivas que são representativas da sociedade global.
Desafios e críticas
Apesar dos progressos, as iniciativas foram objeto de críticas e desafios. O próprio Lewis Hamilton manifestou a sua preocupação quanto à eficácia da iniciativa “We Race As One”, chamando-lhe “apenas palavras” e sublinhando a necessidade de acções mais concretas para combater o racismo e a discriminação no desporto.
Em conclusão
Iniciativas como “We Race As One”, a Comissão Hamilton e a Academia de F1 representam passos significativos no sentido de um desporto automóvel mais inclusivo e diversificado. Os resultados alcançados até à data, incluindo a adoção da Carta para a Diversidade e a Inclusão e a oportunidade de as raparigas progredirem nas suas carreiras desportivas, realçam o impacto positivo destes programas.